Uma das coisas que escolhemos fazer em Santiago foi visitar várias vinícolas. Meu marido gosta muito de vinhos (inclusive, ele me ajudou bastante na hora de escrever este post, porque eu já não lembrava o nome dos vinhos..kkk) e eu também vou na onda. Mas isso não quer dizer que somos experts…de forma alguma! Apenas gostamos – por isso, as opiniões aqui nem devem ser levadas tão a sério (afinal, quando o assunto é vinho, cada um tem seu gosto). E como o Chile é cheio de vinícolas, optamos por visitar três que são mais próximas de Santiago. Em todas elas, fomos “por conta”, isto é, sem excursão. Pegamos ônibus e metrô para ir aos lugares para dar uma economizada. Mas, para quem quiser, dá para alugar um carro ou então para fazer com uma agência.
Ah, uma informação bacana – é possível fazer o tour da Concha y Toro e da Cousiño Macul no mesmo dia, como fizemos, já que as duas estão próximas a estações da linha azul do metrô. E antes que alguém pergunte: “mas vocês não ficaram bêbados tomando tanto vinho?”. Eu digo que não – e olha que não sou de beber muito. Não sei se eu me preparei psicologicamente para isso, mas na realidade, foram pouquíssimos vinhos que tomamos a taça inteira – eles tinham um recipiente para despejar o vinho, para quem não quisesse tomar tudo, afinal, se trata de uma degustação. Somente os melhores vinhos que eu tomei a taça inteira (aliás, fui bem espertinha nesse quesito, pois os melhores vinhos estavam no final da degustação e os primeiros eu bebia bem pouco). No final da degustação da Cousiño Macul, eu estava com a boca roxa e só. Mas, de qualquer forma, é importante se alimentar bem.
Outra coisa super legal: todas estas vinícolas têm espaço para realizar eventos, inclusive, casamentos. Já pensou casar num lugar assim? Com certeza seria um cenário lindo! Se adotarem a ideia, por favor, me convidem..rsrs.
Concha y Toro
Experiência: antes de ir, ouvimos que a visita à Concha y Toro é a mais “comercial” de todas. E, de fato, é. Mas não deixa de ser bacana. É a maior vinícola do Chile e tem uma área linda. A visita começa mostrando a área externa, jardins e a casa de verão da família Concha y Toro. Depois, conhecemos os vinhedos, que são muito lindos. Pena que fomos no inverno, época em que estão “hibernando”. Entre março e maio, eles costumam estar cheios de uvas e deve ser uma delícia o passeio. Após esta etapa, fomos levados à parte interna, onde estão estão os barris de vinhos, que são armazenados em carvalho francês e americano. Depois, nos levaram para a área especial do Casillero del Diablo, um dos vinhos mais famosos da adega. E aí tem um filminho que mostra como surgiu a lenda do vinho – na realidade, para espantar os ladrões de vinhos, Don Melchor, o criador da adega, inventou uma lenda que o diabo morava por ali. E parece que deu certo..rsrs. No final da visita, degustamos três vinhos da Concha y Toro – um branco e dois tintos – e os visitantes podem conhecer a lojinha também. Ah, eles dão a taça de degustação de presente para os visitantes.
Como chegar: No site da Concha y Toro, eles explicam certinho como chegar até a vinícola – de carro ou de metrô. Nós fomos de metrô e descemos na estação Las Mercedes, da linha azul. Logo na saída da estação, havia um terminal de ônibus. Pegamos o ônibus número 81, se não me engano, (mas é possível pegar o 73, 80 ou 81) e pedimos pro motorista nos deixar na Concha y Toro. Na volta, pegamos um ônibus, mas ele parou em outra estação de metrô, a Plaza de Puente Alto. Ah! Para quem procura lugar para almoçar, na Concha y Toro tem restaurante – não vimos os preços, mas tem cara de que não é nada barato. Perto do metrô Las Mercedes tem tipo um shopping/mercado e tem vários restaurantes, inclusive algumas redes de fast food como Mc Donald’s, KFC e Pizza Hut. E foi lá que almoçamos.
Reservas e preço: As reservas para visita podem ser feitas pelo site da Concha y Toro e há opção de fazer o tour em espanhol, inglês ou português. Nós fizemos o tour tradicional e custou 10 mil pesos chilenos* por pessoa. Há também a opção de fazer o Tour Marques de Casa Concha, que tem um vinho mais premium deles (Marques de Casa Concha) e harmonização com queijos (mas não sei dizer o preço).
Vinhos: lá experimentamos o Terrunyo, Casillero del Diablo e Gran Reserva Sauvignon Blanc. Vou ser bastante sincera neste quesito – nenhum dos vinhos da Concha y Toro ganhou meu coração (ou seria meu paladar?Rs). Segundo meu marido, há só um vinho bom nesta vinícola, que é o Alma Viva. Só que o preço dele não é nada convidativo – é algo em torno de R$ 600. Ai, sinceramente, prefiro procurar outros vinhos com melhor custo…Ah! E no geral, achei os vinhos desta vinícola caros – até para aqueles que não são tão tops assim.
Cousiño Macul
Experiência: a experiência na Cousiño Macul é bem diferente da Concha y Toro. Durante a visita, eles falam bem mais sobre o processo de produção do vinho – inclusive, mostram como era feito antigamente e como é a produção agora. Eles mostram os grandes tonéis de madeira onde era feita a fermentação da uva antigamente e os atuais tanques de aço inox, onde hoje é possível controlar a temperatura de todo este processo. Eles mostraram também como era colocado o vinho nas garrafas antigamente e até mesmo os rótulos, o que era um processo bem manual. Uma coisa interessante que aprendemos por lá é que a região do Vale del Maipo/Maipo Alto, onde a vinícola está localizada, é especialista na produção de vinhos com a uva Cabernet Sauvignon. Então, se encontrarem por aí um vinho desta região com esta uva, as chances dele ser bom são grandes. Depois da visita aos vinhedos e à toda parte interna, tivemos a degustação de vinhos. Segundo a avaliação do Fábio, esta vinícola foi a que teve o melhor atendimento.
Como chegar: para chegar à vinícola, é preciso pegar o metrô da linha azul e descer na estação Quilín. Na estação, pegue a saída Américo Vespucio Oriente. Dali, há duas opções: pegar um taxi até a vinícola, que demora mais ou menos uns 7 minutos, ou pegar um ônibus local (D17) na parada da Av. Tobalaba com a Av. Quilin. Considere um possível tempo de espera de 15 minutos pelo ônibus, mais uns 10 minutos dentro dele (peça pro motorista te avisar quando chegarem à vinícola). Na volta, íamos voltar de ônibus até a estação de metrô – há uma parada de ônibus bem perto da vinícola. No entanto, ficamos cerca de uns 30 minutos esperando e nada do ônibus chegar. Enquanto esperávamos, os guias da vinícola que fazem o tour também estavam esperando – e, no fim das contas, acabamos dividindo um táxi com eles até a estação. Aliás, eles foram muito gentis e não nos deixaram pagar o táxi.
Reservas e preço: As reservas podem ser feitas pelo site da Cousiño Macul e há opção de tours em inglês e espanhol. Fizemos o tour regular em espanhol, que custou 9 mil pesos chilenos* por pessoa e o guia falava um espanhol bem claro de ser entendido. No entanto, eles possuem outras opções de visita, que são mais caras e que incluem mais degustações e até almoço. Para ver, basta clicar aqui.
Vinhos: durante a degustação, estava previsto a prova de três vinhos. No entanto, nosso grupo teve uma grata surpresa – duas gringas estavam fazendo um tour premium no mesmo horário e sobrou um dos vinhos premium da adega para nós, reles mortais, experimentarmos. E foi o melhor vinho que experimentamos em toda a viagem. Trata-se do Lota, um Cabernet Sauvignon com Merlot. Só que a garrafinha dele custa algo em torno de R$ 300, então não rolou trazer..rsrs. Além deste, provamos outros vinhos – Antiguas Reservas Syrah, Don Matías e Isidora (fiquei em dúvida se era o Sauvignon Gris ou o Cabernet Sauvignon). Meu marido comprou o Antiguas Reserva Syrah, que é muito bom.
Undurraga
Experiência: confesso que demos um pouco de azar neste dia – estava chovendo torrencialmente em Santiago, algo que é bem incomum na cidade. Acho que isso prejudicou um pouco a nossa visita – eles não deixaram de fazer nada, mas fica aquele incômodo de você estar se molhando, com frio na cara, etc. Eles deram guarda-chuvas para todo mundo, mas mesmo assim, a chuva estava bem forte e eu estava com os pés encharcados (já tinha encharcado antes de chegar na vinícola), então não foi a coisa mais agradável do mundo. Mas, ainda assim, foi uma boa visita – só acho que teríamos aproveitado melhor sem a chuva. O lugar é lindo, tem um jardim bem bonito. Assim como na Concha y Toro, começamos pela área externa – incluindo jardins e vinhedos. Depois, passamos pela parte interna, onde são produzidos e armazenados os vinhos. Lá eles também explicam sobre o processo de produção do vinho e esta parte é um pouco similar à da Cousiño Macul (com exceção de que eles não têm os tonéis antigos e grandões de madeira, apenas os de aço). Uma coisa interessante que aprendemos por lá: sabem estes vinhos que vêm com uma garrafa que tem uma parte abaulada embaixo? São vinhos reserva, isto é, que passaram por barrica de carvalho. Isto é, a garrafa abaulada não é mera estética, mas ajuda a identificar os vinhos reservas. No final da visita, eles têm um mini museu que conta com itens da cultura mapuche (povo indígena do Chile…meu marido passou a viagem inteira entendendo “cultura mamute”…kkkkk…não sei o que ele estava imaginando!!) e, depois, fizemos a degustação e ganhamos uma taça.
Como chegar: de todas as vinícolas, esta foi a mais “perrengosa” (acabei de inventar esta palavra) para chegar. Primeiro, que demos o azar de estar chovendo no dia, o que dificultou a nossa movimentação (por sorte, o hotel nos emprestou um guarda-chuva). Para chegar até lá, pegamos o metrô da linha 1 (vermelha) até a Estação Central. Ao chegar lá, procuramos pelo Terminal San Borja. Na saída do metrô, tem um shopping, e o Terminal San Borja fica dentro dele, no segundo andar. Ao chegar no terminal, pegamos um ônibus que ia para Talagante (frota Talagante, plataformas 79-81) e pedimos ao condutor que nos deixasse na vinícola Undurraga. Um detalhe importante que descobrimos lá – nem todos os ônibus da frota Talagante passam pela vinícola, então sugiro que perguntem antes (nós já estávamos entrando em um ônibus da frota Talagante e a sorte foi que eu perguntei ao motorista e ele disse que não passava lá). Agora, vou falar pra vocês: o ônibus é um caco de velho e feio. Nesse dia, se eu pudesse voltar atrás, teria feito com excursão – pela chuva e pelo busão. O pior foi na volta – estava tudo empoçado em volta da vinícola, não conseguíamos nem chegar no ponto – sorte que fizemos sinal e o motorista parou pra gente. O ônibus estava cheio e tivemos que ir em pé (considere uns 40 minutos de pé, num ônibus, com uma caixa de vinhos e a gente tentando se equilibrar). Teve uma hora que o ônibus quase bateu num carro e meu marido voou…rsrs. Fora que o ônibus ia chutado na velocidade. Enfim…se eu pudesse rever esta parte, iria de excursão, nem que pagasse a mais por isso (que geralmente é mais caro mesmo). E podem me chamar de fresca, mas para mim a experiência não foi boa. No site da Undurraga, tem as informações para ir de carro até lá também.
Reservas e preço: Fizemos o Tour Sibaris e custou 9 mil pesos chilenos* por pessoa. A reserva foi feita através do e-mail visit@undurraga.cl. Eles têm a opção de fazer o tour em inglês ou espanhol (se bem que o nosso foi mais no portunhol mesmo, pois a maioria dos visitantes eram brasileiros). Além deste tour tradicional, eles oferecem um tour privado (2 a 8 pessoas) e tem também a opção de fazer um piquenique por lá. Vejam mais informações no site.
Vinhos: dentre todas as vinícolas que visitamos, achei que esta tinha os vinhos com melhor custo-benefício, isto é, qualidade x preço. Na degustação, experimentamos quatro vinhos – TH Sauvignon Blanc (na minha opinião, não curti este vinho), Sibaris Cabernet Sauvignon (bom), Founder’s Collection Carménère (muito bom) e um Late Harvest (é um vinho meio licoroso, mais doce, para servir com sobremesas…não gostei muito dele, mas achei ruim o fato de ter provado logo depois de alguns tintos…talvez se tivesse experimentado em outra ocasião, sem tomar nenhum outro vinho antes, seria melhor). Trouxemos para casa o Sibaris Cabernet Sauvignon e o Founder’s Collection Carménère. Ah! Uma curiosidade – não sei se vocês sabem, mas a uva Carménère foi redescoberta no Chile. Ela havia sido exterminada por uma praga na Europa e, após algum tempo, foi achada no Chile, em meio a algumas uvas Merlot. E hoje é um dos grandes trunfos dos chilenos.
*Todos os valores mencionados neste post são referentes a agosto de 2015. Podem ser alterados com o passar do tempo.